FELIPA CRÍTICA: Heroína

A nova novela do Megapro, conta a história de Maria Aparecida, uma jovem de 14 anos que acaba de chegar no Rio de Janeiro e se envolve no mundo das drogas. Mas a novela de Weslley Vitoritti é bem mais além disso. 

A trama começa nos apresentando a nossa protagonista, Maria Aparecida, alguns anos à fente e se reenontrando com Nat, um amigo do passado. Após esse reencontro, a trama inicia um flashback para contar o inicio de tudo e volta aos anos 80. 

Ao longo do primeiro capítulo, descobrimos mais sobre ela, suas principais características, motivações e conflitos, tudo isso em diálogos fortes e bem construídos, nada mastigado como costumamos ver nos últimos meses. 

A trama segue apresentando os outros personagens centrais, como Luciano, Nat, Kessi, a família da própria Maria Aparecida e outros coadjuvantes. A grande sacada dessa novela é que não há núcleos paralelos nela, todos os personagens e situações são ligados na protagonista e no plot principal, remetendo a narrativa e a estrutura do cinema que utilizam apenas o protagonista para as coisas acontecerem, não tem tempo e nem necessidade de paralelas; e para uma novela, isso é um acerto muito grande. 

Um outro acerto é que a família da nossa protagonista já começa completamente desestruturada, esse é o ponto de partida para Maria Aparecida procurar um refúgio nas drogas. 
A introdução da droga no primeiro capítulo não demora muito para aparecer e é muito bem inserida, com perfis já conhecidos de jovens que se drogam, o púbico já fica satisfeito pois veio pra isso mesmo, ir direto ao tema principal, sem rodeios, apesar de alguns desses jovens como Frank, parecer um pouco acima do tom. O gancho do primeiro capítulo é muito satisfatório e já coloca Maria nesse universo arriscado. 

Com o segundo capítulo, a trama vem desenvolvendo e nos cativando ainda mais. 

O autor nos atiça a querer saber as próximas decisões de Maria Aparecida e os seus relacionamentos. Com o desenvolvimento da trama, já dá pra ver que a droga já começa a mudar sua personalidade, a Maria depois de usar a droga, não é a mesma Maria que tinha chegado no Rio de Janeiro. Isso acaba criando uma torcida pela jovem, mas ao mesmo tempo um receio do que poderia estar por vir. 

Os relacionamentos de Maria Aparecida é outro ponto forte da história. Ela se apaixona por Luciano, mas acaba se envolvendo com Nat, também percebemos uma tensão sexual vindo de Kessi por ela (será que vem, aí?). 

Não podemos esquecer das rivalidades que ela tem com suas colegas de escola, Miranda e Verônica, sem falar das críticas que recebe da irmã, Laís. Ao usar drogas, sua postura muda com as citadas, ela ganha mais personalidade e bate de frente sem medo. O autor soube conduzir essas mudanças em Maria muito bem, contextualizado da melhor maneira. O desenvolvimento é ágil e certeiro, sem atropelar acontecimentos, todos os personagens são muito bem escritos e desenvolvidos, cada com sua narrativa explícita. 

Nem todos os personagens giram em torno da Maria Aparecida, mas ela sempre está envolvida com cada um deles. 
Sem deixar a desejar em uma página se quer, Vitoritti entrega mais um trabalho primoroso, bem escrito e amarrado. O autor de "Juízo Final", mostrou que pode ir além daquela trama que estorou em 2018 e com "Heroína", ele vem motrando isso muito bem. A nova história prende, cria torcida, ranço e nos faz nos questionar sobre muitas coisas. Impossível negar que Heroína é um dos maiores acertos de 2020.

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